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O processo de aprendizagem parece ser algo complexo, demorado e cansativo, mas na verdade não deve ser encarado dessa maneira. É fato que aprender é um processo contínuo, mas isso acontece porque aprendemos o tempo todo! Tudo o que fazemos, que nos traz experiência, descobertas, novidade, interação e reflexão nos leva a aprender: seja uma nova receita de bolo, conhecer um autor novo, ou aventurar-se por um novo idioma.
Aprender é muito mais do que “adquirir um conhecimento” – é experimentar novas possibilidades e gerar significado em suas práticas. Faz parte do aprender o investigar, o errar e o repetir. Aprendemos quando descobrimos, mas também aprendemos ao realizar algo que já foi feito antes, de forma melhorada.
No processo de aprender devemos considerar também como base tudo o que já sabemos: nossas vivências, culturas, histórias e laços. Tudo o que somos e temos faz parte da nossa fundação e é essencial para a construção do conhecimento.
Quando decidimos aprender um novo idioma não podemos esquecer de que
a língua é o reflexo de uma cultura, assim como a cultura é parte da língua.
É por isso, também, que grande parte dos estudantes de uma língua estrangeira se interessa pelas práticas sociais com as quais o idioma está relacionado: as músicas, os filmes, os hábitos, expressões idiomáticas, vestimentas, culinária, etc. Afinal, é impossível aprender uma língua sem compreender o contexto no qual ela é utilizada.
Quando criamos um enunciado, tanto em nossa língua materna quanto em línguas estrangeiras, ou seja, quando falamos, estamos sempre nos baseando no que queremos dizer naquele determinado momento, contexto, ambiente e para quem estamos comunicando.
Desejamos falar e ser compreendidos. Portanto, as palavras utilizadas devem estar de acordo com as condições que dão significado: os contextos. O que importa é a significação que a palavra ganha e não apenas o “verbete” dito. Tudo o que falamos deve ter (e tem!) ligação total à vida e à realidade no momento em que é dito. Seja mentira ou verdade, está conectado às nossas vivências e de nossos interlocutores (pessoas com quem nos comunicamos).
Segundo Bakhtin,
“a língua, no seu uso prático, é inseparável de seu conteúdo ideológico ou relativo à vida”
(2002, p. 96).
Palavras soltas/descontextualizadas e traduzidas de um idioma para o outro podem não ter uma significação para o aprendiz de uma língua estrangeira. O simples “saber o significado” de determinada palavra ou expressão não quer dizer que o estudante sabe se comunicar no idioma, pois não implica que ele conseguirá falar de forma espontânea e consciente. Quando se usa apenas a “tradução”, as frases tendem a soar vazias e incoerentes, pois não passam de uma repetição descontextualizada. Não ocorre de fato uma comunicação, pois quem fala não está exprimindo algo partindo de sua vontade e consciência. E o interlocutor, por sua vez, não tem a chance de captar a mensagem por completo por conta da falta de contextos possíveis – que são a essência da comunicação, da língua viva.
Um exemplo prático é quando é contada uma “piada interna” em seu grupo de amigos.
Geralmente a frase causadora do humor é engraçada não apenas pelas palavras utilizadas, mas também pelo contexto total. A piada só tem graça porque vocês conhecem a história por trás dela, e seu uso só tem esse efeito nesse mesmo círculo, ambiente e pessoas. Quando alguém de fora do grupo escuta essa “piada”, possivelmente não dará o mesmo significado e peso do que você e seus amigos, pois vocês conhecem o contexto.
Concluindo,
Aprendemos a língua quando entendemos o uso efetivo que ela pode ter em nossas vidas. Aprendemos quando experimentamos e damos significados. Aprendemos quando o processo nos permite sentir diferentes emoções.
Por isso é muito importante estudarmos um idioma sempre dentro de seu contexto cultural, relacionando totalmente com a realidade!
Se você gosta de aprender coisas novas e está preparado para mergulhar em novas culturas, aprender uma língua pode ser um prato cheio! EXPERIMENTE!
Bons estudos, e até a próxima!