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Talvez a ideia mais lógica para começar essa investigação fosse pensar nas línguas “representantes” de cada país. Faça uma lista rápida, veja o que consegue.
2 minutos depois…
Provavelmente você anotou até algumas dezenas de línguas, o bastante para ver que esse plano de “representação” não será muito prático… Isso porque, mesmo se por um lado um mesmo idioma é falado em vários países, por outro, há lugares com inúmeras línguas, e a gente logo se perde. Não está convencido? Dê uma olhada na lista de idiomas oficiais da Bolívia – e, se procura algo mais extremo, veja a lista da Papua-Nova Guiné! Mas não diga que eu não avisei: é melhor pegar seus óculos de leitura. Isso, claro, sem tratarmos das línguas “não-oficiais”…
Considere o próprio Brasil. O português é a única língua falada por aqui? “Claro que não”, você dirá, com razão. Não apenas os brasileiros aprendem línguas estrangeiras (aliás, a L.A. pode te acompanhar em seu aprendizado!), mas também muitos indígenas, imigrantes e descendentes aumentam o rol de idiomas da nossa nação. De forma semelhante acontece no resto do mundo, com as peculiaridades de cada local.
Constatamos, então, o seguinte dilema: como uma pessoa consegue contar tantas línguas mundo afora? Não consegue! Mas a história não termina aqui. Essa não é uma empreitada recente.
Dominar os idiomas de outros povos sempre foi uma necessidade para estabelecer relações políticas, e com o trabalho de estudiosos de outrora temos indícios do que acontece a longo prazo com as línguas. Afinal, elas não são imunes ao tempo. Pense em seu idioma materno há 100, 200, ou 500 anos – estou certo em dizer que não era como é hoje, não estou?
Diga-se de passagem, o próprio português não é o mesmo, se apenas compararmos seus usos em diferentes lugares do mundo em 2020. Você já ouviu um falante nativo oriundo de outro país sem conseguir entender o que dizia? O vocabulário se altera, mas não só ele: várias características da fala e da gramática diferem também. Voilà, as línguas têm, para além do aspecto temporal, um certo caráter regional. No caso dos imigrantes, podem se tornar “novas línguas”, diferentes das “originais”.
Assim, pela atividade propiciada junto a textos de diferentes épocas e pelo trabalho mais efetivo nos campo da comunicação e educação, os estudos de idiomas dão muito pano pra manga. A essa altura, por exemplo, você talvez se questione:
“Como saber quando duas línguas passaram a ser diferentes,
ou quando há ‘apenas uma heterogeneidade’ num mesmo idioma?”
Ainda que responder a essa pergunta não seja tarefa fácil, é fundamental pensarmos a respeito se buscamos uma solução para o nosso caso! Para efeitos práticos gerais, todos sabem muito bem o que é uma língua. Contudo, na contagem a que nos propusemos, precisamos saber como diferenciar o que é parecido (apesar das semelhanças) e reunir o que é semelhante (apesar das diferenças). Como fazer isso?
Antes de lhe expormos algumas ideias, vale eu antecipar que é difícil chegar a um consenso. E caso a ideia a seguir já tenha passado pela sua cabeça, será mesmo que os dicionários são quem define o que/como é um idioma? Se for assim, me diga: como seu redator o preparou? Você sabe, que como toda outra obra, o primeiro dicionário teve um criador, alguém que precisou decidir o que pertencia ou não à língua em questão. Como essa pessoa fez isso? Baseada no quê? Em acordo com quem?
Talvez você conclua que os dicionários sejam uma obra de referência (muito útil no aprendizado da língua!), sem que possam, no entanto, ditar os contornos de suas línguas. Se esses contornos de fato existem, quem poderia apresentá-los?
Lembre que não é questão de separar línguas como português e inglês, que facilmente se diferem. É nos casos em que há muitas semelhanças que se torna difícil alegar a separação em duas ou mais línguas.
É preciso saber que, ademais, embora os linguistas se dediquem a identificar características de um idioma e suas conexões com outros, não são os únicos envolvidos na questão: fatores socioculturais e políticos interferem o tempo todo na concepção do que é uma só língua ou, na verdade, duas, três…
Entra em jogo também a perspectiva dos próprios falantes, naturalmente competentes em seus idiomas maternos (mas de uma forma única, e por isso mesmo com diferentes graus de estranheza em relação a outras línguas). É como no nosso caso, brasileiros, que ficamos alguns mais e outros menos à vontade com idiomas próximos, como o italiano e o espanhol, ou com os ‘portugueses’ de outros lugares. Unanimidade não há.
Isso não nos impede de seguir alguma referência que nos dê a ideia da resposta que procuramos. Antes do grand finale, todavia, convido você, leitor, a descobrir de que forma a abordagem deste artigo pode ajudá-lo a se desenvolver como aprendiz/professor.
Nosso objetivo é, como já deve ter percebido, levá-lo a refletir sobre a diversidade no mundo linguístico. Levando-a em consideração, levá-lo a pensar como podemos agir com melhor habilidade no contato com os outros idiomas. Provavelmente, haja nos que você mesmo estuda muitas coisas para além das referências mais tradicionais, típicas. Você já aprendeu formas de lidar com elas? Essa pode ser uma capacidade importante nos momentos de entretenimento e mesmo de trabalho.
Agora prepare-se, pois não esquecemos o gatilho dessa conversa, não! Para descobrirmos quantas línguas estão vivas atualmente, consultamos o site Ethnologue, que, sendo inicialmente uma revista, se dedica a observá-las desde 1951. Fundada por Richard S. Pittman, compila informações dos cinco continentes colhidas por estudiosos.
Sua mais recente edição, de número 23 e deste ano de 2020, indica a existência de sete mil setecentos e dezessete idiomas vivos atualmente, em diferentes status de “presença”. Você tinha imaginado um número assim? Enquanto alguns deles são falados por milhões de pessoas, outros estão quase desaparecendo. E, sim, eu não mencionei antes, mas não sabemos quais são todos os idiomas do mundo! É porque há línguas muito recentemente registradas – devem existir outras ainda a ‘descobrir’. Convenhamos também que os idiomas continuam sofrendo transformação, a não ser que você fale exatamente como seu pai, avô, bisavô…
Brincadeiras à parte, agora que concordamos que aprender um idioma também é desenvolver habilidades, é importante saber quais benefícios podemos obter ou promover com elas e assim entrar em ação! Já pensou em explorar isso melhor com a L.A. ?
Vídeo base : https://www.youtube.com/watch?v=vtCMqF9PFB0
Site da Ethnologue: www.ethnologue.com